quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

ANTES, AGORA E DEPOIS

"A percepção do tempo é fruto do problema fundamental da "consciência": a compreensão da transitoriedade. O que no Oriente é conhecido como a "impermanência", se constitui no mais importante componente do discernimento e da estruturação do pensamento. A relação de causa e efeito é toda ela sustentada pela percepção da passagem do tempo. Não há nada mais racional do que a noção de tempo. Ela é o instrumento maior do pensamento e, ao mesmo tempo, seu maior obstáculo. Sua utilidade é tão grande quanto a limitação que nos impõe. Nossa mais sólida referência e também nossa maior ignorância.

Como o sol que "nasce" e "se põe", dando a sensação que é ele que se desloca, o "tempo" nos ilude de forma semelhante. Somos nós que passamos, mas é o "tempo" que parece se deslocar. Enunciar o tempo pela perspectiva da nossa passagem é falar ao invés de passado, presente e futuro, de antes, agora e depois. É falar de "antes" como um tempo do "nós", o "agora" como um tempo do "eu" e o "depois" como um tempo do "eles".
É o nosso deslocamento, nossa impermanência, que produz esta sensação de antes, agora e depois. Enquanto tudo que existe tem um "passado, presente e futuro", só o que é vivo tem um "antes, agora e depois".
Façamos uma breve análise sobre a certeza do "antes", o prazer e a dor do "agora" e o medo e a fantasia do "depois"."

Texto acima é de Nilton Bonder - um cara de quem gosto muito, dono de uma cabeça fantástica, tem tiradas e observações interessantíssimas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal esse texto, não conhecia esse escritor.

Anônimo disse...

Muito maluco esse texto uau, que viagem .

Anônimo disse...

Interessante a perspectiva do texto, muito legal mesmo.